Eunive Weaver nasceu em uma
fazenda de café no
interior de São Paulo, filha de Henrique Gabbi, um
carpinteiro natural de Reggio Emilia (Itália) e de Leopoldina Gabbi, natural de Piracicaba (SP),
mas descendente de imigrantes suíços,
tendo recebido educação austera. Sendo sua mãe portadora de hanseníase, quando
Eunice tinha três anos de idade, a sua família mudou-se para Uruguaiana,
no Rio Grande do Sul. Ali fez os seus estudos
primários, no Colégio União.
Tendo
prosseguido os seus estudos em São Paulo, formou-se na Escola Normal e fez o
curso de Educação Sanitária. Certo
dia de 1927,
em visita a uma família amiga, reencontrou o seu antigo professor e diretor do
Colégio União - Charles Anderson Weaver.
Viúvo, casaram-se seis meses depois, tendo ido residir em Juiz de Fora.
Embora o casal não tendo tido filhos, Eunice cuidou dos quatro filhos do
primeiro casamento do marido.
Um
ano mais tarde, o seu marido foi convidado pela Universidade de Nova Iorque, a dirigir
a Universidade
Flutuante da América do Norte, instalada num transatlântico, que
faria uma viagem ao redor do mundo para melhor formação de seus alunos. Tendo
aceite o convite, partiu do Rio de Janeiro acompanhado pela
esposa, que aproveitou para estudar Jornalismo, Sociologia, Serviço
Social e Filosofias Orientais, em visita a 42 países. Durante essa
viagem, viveu por um dia num templo budista,
foi até ao Himalaia no
lombo de um jumento e
entrevistou durante quatro horas o Mahatma
Gandhi, de quem recordava: "Foi o homem mais próximo
de Jesus Cristo que
conheci". Por onde passou, interessou-se pelo problema da hanseníase -
nomeadamente nas ilhas Sandwich, no Japão,
na China,
na Índia e
no Egito.
De
volta ao Brasil, fundou em Juiz de Fora a Sociedade de
Assistência aos Lázaros. De madrugada, quando o passava o trem para
Belo Horizonte, dirigia-se à estação ferroviária a fim de prestar assistência
aos hansenianos que eram transportados no vagão da segunda classe, ao
leprosário Santa Isabel naquela cidade. Ali oferecia-lhes roupas, cobertores e
refeições.
Fundou
o Educandário Carlos Chagas em
Juiz de Fora (1932),
e o Educandário Santa Maria,
no Rio de Janeiro.
Em 1935, obteve do então
presidente da República, Getúlio
Vargas a promessa de auxílio oficial para a obra, no montante
do dobro do que ela conseguisse arrecadar junto à sociedade civil. Com esse
acordo, Eunice dedicou-se a viajar por todo o país, divulgando a campanha
da Federação das
Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra.
Foi
a primeira mulher a receber, no país, a Ordem Nacional do Mérito, no grau de
Comendador (Novembro de 1950), e a primeira pessoa, na América do
Sul, a receber o troféu Damien-Dutton.
Publicou a "Vida de Florence Nightingale", "A Enfermeira" e
"A História Maravilhosa da Vida". Representou o Brasil em inúmeros
congressos internacionais sobre a hanseníase, tendo organizado serviços
assistenciais no Paraguai, em Cuba, no México,
na Guatemala,
na Costa Rica e
na Venezuela.
Foi
homenageada com o título de "Cidadã Carioca" ao completar 25 anos na
direção da Federação (1960)
e com o título de "Cidadã Honorária de Juiz de Fora" (11 de
Setembro de1965). Foi a delegada brasileira no 12º Congresso Mundial
da Organização das Nações Unidas (Outubro
de 1967).
Em diversos estados do Brasil, instituições de assistência aos hansenianos
levam o nome de "Sociedade Eunice Weaver".
Faleceu
subitamente em viagem de retorno do Rio Grande do
Sul. O seu corpo encontra-se sepultado, ao lado do marido, no Cemitério dos Ingleses, no Rio de Janeiro.